Em tempos em que há um consenso de que o conteúdo atual da Playboy não está essa Coca-Cola toda, colocar
Otávio Mesquita no entrevistão da edição de março é quase que uma provocação ao seu leitor. Não que obrigatoriamente o espaço tenha que ser reservado às pessoas influentes e ultrarrelevantes, que deverão falar de assuntos edificantes, dispensando as personalidades populares e carismáticas em conversa sobre amenidades, mas tem de haver algum critério, e receio que Otávio Mesquita, aos olhos de muitos, não passa de um apresentador babaca cuja entrevista não desperta interesse em ser lida. Ultrapassando esse pré-conceito sobre o entrevistado, que comemorou mês passado 25 anos de carreira (esse é o gancho da entrevista), é possível que haja alguma reação positiva à conversa muito bem guiada pela repórter Camila Gomes. É realmente uma entrevista descompromissada, leve e bem-humorada, mas que não colabora muito para elevar o status do jornalismo da revista, um tanto abalado. Talvez tivesse sido melhor tê-lo nas 20P, que tem mais a ver com esse perfil de entrevistado, e que teve a atriz e cantora
Marjorie Estiano como escolhida na mesma edição. Aliás, a entrevista, que ficou a cargo de Jardel Sebba, me surpreendeu, uma vez que iniciei a leitura só com o objetivo de ler sua resposta sobre a possibilidade de posar nua e acabei impressionado com a qualidade das respostas, algumas arredias. Atenção para as respostas sobre ser bairrista e sobre o significado de sua tatuagem. Como entrevistador, é óbvio que Jardel se posicionou como provocador que deseja respostas desse tipo, mas doeu até em mim.
Uma pena que não tenham feito uma foto exclusiva com Marjorie (esta, de Jairo Goldflus, foi publicada na Nova, se não me engano). Já Otávio, bem, acho que ninguém tem interesse em ver - na verdade, eu só esqueci de fotografar mesmo
Imagem: Reprodução.
