Wednesday, April 25, 2012

A festejada nudez de Aryane Steinkopf

Apesar de ter tido tempo suficiente para ver, rever, analisar e reconsiderar, minha impressão sobre o ensaio de Aryane Steinkopf continua a mesma da primeira folheada. Todos os elogios que ouvi a respeito das fotos validam a qualidade do trabalho, e eu não sou uma voz isolada entre os leitores, gostei muito também. Grande parte do mérito se deve à concepção do ensaio, que não é inovadora, mas sem dúvida muito mais sofisticada e instigante do que o que costumamos ver, e que teve como ponto de partida o fato de a ex-panicat ter sido "mandada para o olho da rua", e, claro, à execução de toda a equipe, principalmente Marlos Bakker, que conseguiu obter imagens muito boas. Só não é necessário creditar Aryane, que tem um corpaço (apenas acho o silicone um pouco exagerado), não sendo preciso muito esforço para pagar de gostosa diante da câmera. Mas tenho ressalvas a fazer.


A abertura do ensaio é impactante. Não devo ser o único a supervalorizar as fotos de abertura...

Minha principal ressalva é quanto ao teor erótico do ensaio. Temos uma mulher gostosa muito bem fotografada, mas o ensaio não me ganha completamente por ser bem superficial, uma colagem de fotos de beleza, sem muito jogo de sedução e muita "cara de bonita". Poucas são as fotos em que Aryane propõe uma intimidade maior, com mais expressividade. Mas saindo desse campo subjetivo cuja interpretação é particular, faltou também ser mais quente, e ter, sim, mais ousadia, mais fotos onde fosse possível vê-la inteiramente - talvez seja uma observação unânime entre os leitores. Há pouco nu frontal, considerando o tamanho da matéria, mais generosa em quantidade de fotos do que nos meses anteriores. Esse pequeno desequilíbrio da edição me incomoda, mas não a ponto de depreciá-lo. Apenas fico com a sensação de que poderia ter sido assim ou assado, o que é natural.


É triste, mas é bem provável que Aryane tenha ficado completamente nua através de manipulação digital nesta foto em que atravessa a faixa de pedestres, talvez a mais expressiva do ensaio

O grande mote do ensaio, de ter utilizado o ambiente caótico das ruas de São Paulo como cenário, não serviu apenas como uma boa ideia editorial, despertando interesse do público e resultando em repercussão, mas também rendeu fotos de indiscutível beleza. Se considerarmos a dificuldade que se tem em realizar um feito desse, sem privacidade alguma, tendo de agir de forma rápida, Bakker explorou muito bem as possibilidades, ainda arriscando uma linguagem um pouco mais dramática - reforçada pelo P&B. Já a parte feita em estúdio, bem mais objetiva e com a finalidade de compensar o que as fotos de rua não poderiam oferecer (interação direta e elaborada com a câmera, exposição clara do corpo de Ary), também ficou boa. A sutil cenografia deixou o ambiente mais crível e menos conflitante com as fotos externas - aliás, existe uma narrativa. Só faltou aquele salzinho mesmo...

Imagens: Reprodução.