Aqui, alguns leitores criticaram a escolha de
Rubinho Barrichello para o entrevistão da edição de maio. Natural, depois de entrevistados meia-boca que renderam entrevistas igualmente meia-boca. Mas, desta vez, do ponto de vista jornalístico, Rubinho não foi uma escolha impensada, aleatória. Tem toda a questão de o piloto ter se "rebaixado" à Fórmula Indy, ter sido substituído por Bruno Senna na Willians, por ter passado exatamente dez anos da ultrapassagem de Schumacher no GP da Áustria, quando Rubinho, que estava a uma volta da vitória, foi obrigado pela Ferrari a deixar o alemão passar - coincidindo, também, com os 10 anos de sua primeira entrevista à revista. Todo o ressentimento que Rubinho traz dessa época foi espremido pelo editor Jardel Sebba, mas o ponto alto da entrevista, pra mim, ficou por conta das perguntas finais, nas questões se houve falta de sorte na carreira dele e sobre como lida com a imagem consolidada de perdedor. Respondidas com uma tocante sinceridade por Rubinho, acho que essa entrevista tem tudo para ser a definitiva dele.
É bem possível que quem leu as 20P deste mês tenha aprovado.
Tiago Abravanel, intérprete de Tim Maia no teatro, e também conhecido como neto de Sílvio Santos, foi entrevistado por Ricardo Arcon. O clima em que se deu a conversa é despojado e bem-humorado, e o ator mostrou que não pretende construir uma imagem de bom moço, objetivo de dez entre dez atores globais - numa das perguntas, por exemplo, ele diz quando foi a última vez que fumou maconha. E o entrevistador foi habilidoso ao trazer a questão do parentesco com Sílvio, para que Tiago desse um bom indicativo desse relacionamento, introduzindo o assunto sutilmente, já que em todas as entrevistas ele se vê relacionado ao avô, sendo esse o principal interesse das pessoas, curiosidade que sobrepuja seu trabalho. Para ilustrar, uma excelente foto de Tiago caracterizado de Tim, clicada por Victor Affaro.
Imagens: Reprodução.
