Quando eu era mais moleque, tinha a péssima mania de mexer nas coisas dos outros. E foi em uma tarde daquelas em que não há nada pra se fazer que resolvi dar uma vasculhada no guarda-roupa dos meus pais. Para ser mais exato: onde ficavam as coisas pessoais deles. E foi lá que achei, dentre outras coisas, dois livros sobre sexo (todos muito bem ilustrados) e uma pilha com cinco revistas Playboy. Entre elas estavam: a edição das “Ronaldinhas”, que estava sem a capa, da Ana Alice (que vale mesmo é pelas fotos da Drew Barrymore toda cocota), Sheila Mello (98), Sandrinha e ela, Mel Lisboa (hoje em dia todas me pertencem). A primeira que eu peguei, me lembro até hoje, folhei página por página, observando por um bom tempo a foto em que Mel está de braços cruzados, encarando o leitor. Agora era oficial: eu já tinha visto uma Playboy.
A bem da verdade um tio meu sempre me deixava dar uma olhada em suas revistas, mas na época ainda era bem criança. Um tempo depois disso comecei a fazer minha própria coleção. A primeira vez que fui comprar uma revista tentei em três bancas diferentes, e consegui na terceira – fiz amizade com o cara e até hoje compro revista lá – a edição que no caso era a da Grazi, que comprei por R$5,50 (minha grana não dava para a edição do mês).
Foi exatamente na época em que comecei a colecionar e estava começando a conhecer a história da revista que um dia, assim que voltei da aula, parei na casa da minha avó. Fui guardar a mochila e assim, do nada, comecei a mexer nas coisas do meu primo (que morava lá) e achei uma caixa cheia de revistas de sacanagem- aquelas fotonovelas eróticas - e mais um bando de Playboy: Bel, Ida do vôlei, Paula Burlamarqui, S(c)heilas, Paloma Duarte, Dany Bananinha... Estavam lá dividindo lugar com ela, ADRIANE GALISTEU. E eu que já havia ouvido falar da história da edição não pensei duas vezes: meti a revista dentro da mochila e fui embora.
Assim que cheguei em casa folhei tudo e achei tudo lindo - e nem tinha achado a foto da depilação tão ousada. Na mesma semana voltei e peguei mais revistas. Só deixei duas para trás (para ele não dar falta). Na verdade nem me arrependo (tudo bem eu poderia ter pedido...), mas como falei para um amigo, “São só revistas. É papel, né?”. De lá pra cá montei uma coleção bacana. Já tenho mais de 280 edições. Não é muito, mas me orgulho. E até me lembro com carinho do tempo em que eu realmente me empolgava em colecionar a revista. Já que hoje em dia essa empolgação só volta de novo em certas ocasiões, como agora, com o repeteco de Galisteu.