Ivan Lessa se foi, mas sua contribuição para o jornalismo e literatura brasileira permanece
A despedida de Ivan Lessa na Playboy surpreendeu-me, só não mais que a notícia de sua morte nesta última sexta-feira, 8, aos 77 anos. Na edição de abril deste ano há seu último texto para a revista, cujo assunto é, vejam só, a despedida. Um texto que, se hoje relido, não deixa dúvidas sobre o seu então estado de saúde e espírito, e indica a razão do desligamento da revista, para quem colaborava desde 2006. Ao menos foi uma despedida classuda, com muito deboche e bom humor, como sempre foram seus textos - que, confesso, passei a gostar com o tempo, só quando tornei-me capaz de desfrutar do seu cinismo acentuado, sempre em meio a enredos confusos, às vezes absurdos. Um adeus oficial que Playboy e leitores tiveram a honra de ter. Descanse, Ivan.
"Minhas mãos, hoje caquéticas, sofrem de uma espécie de Beta Parkinson: às vezes, sem o menor motivo, levantam-se e agitam os ares como se estivessem espantando uma mosca. Na verdade, estão dando adeus. Ou variações mais brandas feito até logo, bai-bai, tchau, inté e qualquer dia a gente se vê."
Ivan Lessa
