Sunday, July 31, 2011

Nós, os trolls

Lidar com críticas negativas não é fácil. Mexe com nossa vaidade, nos desperta um instinto vingador. Nós somos condicionados a receber bem o elogio. O elogio, sim, nos engrandece, nos enche de orgulho. Mas uma pessoa sensata e madura, independente da idade, sabe que, quando estamos diante de uma crítica negativa, temos a oportunidade de alimentar a sensatez, de nos reavaliar, reconsiderar e, mais importante, reconhecer o que o outro está dizendo. Ninguém disse que é fácil. É um exercício. Também não quero dizer que nós devemos nos sucumbir ao que dizem, sendo a opinião bem fundamentada ou não, apenas de ter respeito e humildade ao recebê-la. Não é, infelizmente, uma qualidade que consigo enxergar na pessoa que hoje comanda a Playboy.

A revista é, hoje, muito criticada. Nós, como leitores/colecionadores, aqueles que, em outras palavras, acompanham Playboy nos melhores e piores momentos, estamos no direito de expressar nossas opiniões. Achamos que temos esse direito não só porque pagamos o que nos é cobrado, mas porque temos condições de distinguir o bom do ruim, o empolgante do insosso, o belo do feio. É isso que, em suma, eu faço aqui no blog, e vocês, com toda a sinceridade, nos comentários. Isso é o que mais me motiva a prosseguir com o trabalho: ver que, de uma certa maneira, criei um espaço que reúne amantes de uma revista e que a enxergam sem a tapadeira do fanatismo (que beira à imbecilidade) e com senso crítico. Isso me orgulha. As críticas são feitas por quem ama a revista.

Como resposta às nossas críticas, eu só queria, como já disse, respeito. Em vez disso fomos de vez tachados como "trolls". "Troll" é a pessoa que, por raiva ou sadismo, se dedica à pratica da esculhambação. Como se, por puro prazer, apontássemos defeitos. Uma espécie de hobby. Não é o que sou, mas é como sou tratado. Mesmo expressando o que acho da maneira mais elegante e polida que consigo. E, mais importante, sem levar para o lado pessoal. Minha intenção, ao fazer um comentário, é apenas avaliar aquilo que eu paguei para desfrutar, não apontar incapacidade de fulano ou beltrano. Até porque, se fizesse isso, seria a presunção em pessoa. Mas o respeito não é recíproco. Eu, enquanto leitor, e não como blogueiro, assim como você, me sinto desrespeitado.

Já fui aconselhado a lavar um tanque de roupa suja, a arrumar uma namorada e, pasmem, até chamado de solitário e infeliz pela pessoa que hoje representa a revista - sempre em resposta a posts "esculhambadores". Não diretamente, citando meu nome, sempre indiretamente, me designando como "blogueiros". Sim, no plural. Se fosse diretamente, confesso que reconheceria a hombridade, bateria palmas para a sinceridade. Afinal, são virtudes que valorizo. Mas não é o tipo de coisa que me abala. Apenas lamento pela falta de respeito e maturidade. Mesmo assim, sei que não posso cobrar do outro aquilo que eu considero uma postura adequada e respeitosa. Mas isso me leva a uma dúvida: será que vale a pena gastar meu tempo nisso? Acho que sei a resposta.

Ao contrário do que possam pensar, isso aqui é conduzido além de uma rotina de estudo e trabalho. Por gostar, e por ter um bom feedback, é que gasto energia nisso aqui. Nem parece, mas já são três anos de RQA, feito não para receber confete, ganhar dinheiro com anúncios ou ser reconhecido por Playboy. De verdade, nunca tive essa pretensão. Se fosse meu objetivo, já teria encontrado caminhos para isso. É fácil. Mas meu carinho pelo blog se resume à possibilidade de escrever, minha maior paixão, sobre uma coisa que amo, que mudou minha vida, e ser lido. Pra mim basta. Só que não imaginava que, em consequência disso, seria considerado um grande troll. Desta forma, como manter a admiração pela revista que me marginaliza, que TE marginaliza? Tem como?

O futuro deste espaço é incerto. Só vislumbro o fim de uma relação. Porque, como todos sabem, antes do amor vem o respeito. Em qualquer âmbito da vida.