Monday, February 13, 2012

Bumbum campeão

Playboy mostrou, em fevereiro, que a safra de ensaios de 2012 está sendo fabricada para agradar a todos os paladares - e está conseguindo. O ensaio de Jéssica Amaral, a vencedora do concurso Preferência Nacional, que ficou a cargo de Bico Stupakoff, apresenta, em quantias harmônicas, os ingredientes que garantem a satisfação e o prazer de quem o consome: é leve, espirituoso, quente, criativo e bonito. Nada mais que um resgate de uma fórmula que já deu muito certo no passado, e que por algum motivo foi esquecida. Alegro-me, ainda, por poder ver um trabalho que não me mune com observações negativas, e seguido de outros ensaios igualmente felizes, como foi o de Bárbara Evans e Vanessa Zotth. Sem perder o hábito, só lamento pelas capas, que não fazem jus ao ensaio.


Jéssica não foi a candidata por quem torci, quem eu julgava merecer o título de dona da mais bela bunda do país. Mas nem por isso deixo de reconhecer que ela tem um belo corpo e, sim, uma boa bunda, e tudo absolutamente natural (não só no sentido de ser sem silicone, mas também de não ser ultramalhada). E o atributo ganhou o destaque merecido na matéria, em ângulos, posições e enquadramentos favoráveis, mas sem se resumir a isso. Esse equilíbrio da edição me agrada, assim como a atenção dada à arte. Há bastante tempo eu reclamava que o título e texto de apresentação dos ensaios não passavam de uma fonte qualquer aplicada à foto, sem considerar a temática do ensaio, e clamava por um cuidado maior. A abertura deste ensaio é excelente justamente por ter esse requinte, com as polaroids adiantando o clima íntimo e amador das fotos que vêm em seguida.



Outra coisa interessante a ser observada é que, com exceção da abertura, as polaroids delimitam o trabalho mais experimental/autoral de Bico Stupakoff. No restante das fotos, que ocupam páginas inteiras, Bico adequa-se à linguagem da revista, mais tradicional, com luz natural, diferente de seu primeiro trabalho para a Playboy, o ensaio-depressão com Ariadna, totalmente composto por fotos granuladas e com cores saturadas. Assim, o que poderia ter ficado confuso, sem propósito definido, caso tudo estivesse misturado, ficou coeso, inusitado e com sentido, enriquecendo esteticamente o ensaio. E é mais um indício de uma edição mais consciente e preocupada com a opinião do leitor, que priorizou imagens de nudez nítida, tão reivindicadas ao longo dos anos anteriores. Bola dentro.

Imagens: Reprodução.
(Obrigado, Romualdo)