Tuesday, November 1, 2011

Edição 437

Não vou mentir: quase que não leio a edição de outubro da Playboy. Eu poderia justificar dizendo que acumulei muita leitura, ou que faltou tempo, ou qualquer coisa do tipo, mas a verdade é que já na primeira folheada, considerando só os elementos visuais, achei a edição boring. Creio que esse desinteresse já é o bastante para muitos leitores jogarem a revista de lado, sem dar chance às reportagens aparentemente insossas, mas não foi o que fiz. Então, meio que por "obrigação", li a edição toda, de cabo a rabo. E, tenho que dizer: em partes, minha impressão inicial foi confirmada, a edição é entediante, não tem nada superinteressante e convidativo, mas tem seus momentos bons.

De acordo com meu ponto de vista, esta reportagem é o melhor que a edição tem a oferecer

Se você ainda não arquivou essa edição junto à coleção, sugiro que leia Super Mario Contra o Baixo-astral, um perfil sobre o mineiro chileno Mario Sepúlveda, traçado por Jonathan Franklin. Um ano depois do aterrorizante episódio da mina San José, onde 32 mineiros ficaram presos por 69 dias a 688 metros de profundidade e em clima de total desespero, fazendo com que seus instintos de sobrevivência viessem à tona, considerando o canibalismo como saída para driblar a fome, Mario conta que foi uma espécie de líder do grupo, e hoje vive de palestras e é considerado um popstar em seu país. O perfil se torna cada vez mais interessante à medida que somos levados à condição primitiva e de desalento dos trabalhadores, que, em maior ou menor grau, ficaram traumatizados.

As outras reportagens da edição: uma bobinha e outra de interesse específico

Ainda tem mais duas reportagens, como habitualmente. Guia Playboy da Traição, agora sim made in Brazil, tem o propósito de ser uma reportagem despretensiosa, que finge prestar serviço, mas na verdade é eficiente se encarada como um texto de humor. Acho que há espaço para esse perfil de matéria, nem todos os assuntos precisam ser ultrarelevantes, mas essa, em questão, tem chances de ser considerada só como uma grande bobagem - e é, sem dúvida. O melhor, para mim, são as ilustrações de Marcelo Daldoce, que criou cenas bem legais em cima do tema. Tem também a reportagem sobre a pequena cidade de Gratallops, na Espanha, que produz os vinhos que entendidos do assunto andam morrendo de amores. Agrada só a quem tem apreço pelo assunto.

Desta vez Playtimes não abriu com um tradicional cartum, mas foi compensado com os quadrinhos de Arnold Roth e um ótimo texto de Ivan Lessa

São esses os pontos principais da edição, além das seções de sempre. Notei que o Happy Hour está mais fluido, com notinhas mais espertas, mas esse espaço ainda precisa melhorar. Neurônios está em grande forma, e adorei o abre com uma página inteira para Valentina, de Guido Crepax. Em Estilo, os toques são realmente elucidadores, seguindo a linha didática de sempre. Mas é um outro texto, o de Ivan Lessa, é que destaco como a segunda melhor coisa da edição, junto do perfil de Jonathan Franklin. Em Como Dizer Não a Uma Mulher Ivan conta sua experiência fracassada como retador de uma revista chamada SR, a convite de Paulo Francis. Pra quem acha que Ivan sempre fala "nada com nada", talvez goste desse texto. Enfim, são essas minha impressões sobre a edição.

Imagens: Reprodução.
P.S. 1: O Guia da Traição foi escrito por João Pedro Jorge e a reportagem sobre Gratallops é de Luiz Rivoiro. 
P.S. 2: Se alguém sentiu falta de comentários sobre as entrevistas, eles estão aqui.