Sunday, November 27, 2011

O erotismo ideológico de Luana Piovani

Luana Piovani: indiscutivelmente bonita e desbocada, mas sensata...

Como eu sempre digo, ninguém é obrigado a achar uma matéria fotográfica de nu a coisa mais incrível do mundo, como nós achamos. É completamente compreensível que achem o contrário. Ou, melhor: é completamente natural que achem o contrário. O que cansa, e irrita, são os discursinhos de sempre, vindos de pessoas contraditórias. Peguemos Luana Piovani como exemplo. Ela sempre foi um desejo da Playboy e dos leitores, e sempre deixou essa possibilidade em aberto - o determinante, para ela, é a questão do cachê. Contudo, em entrevistas, indagada sobre o motivo de ainda não ter cedido à revista, ela sempre justifica, como outras atrizinhas pretensiosas, que não quer sucumbir ao erotismo do dedinho na boca, da pose de quatro, da cara de tesão. Ela, na verdade, está certa ao crer nessa "ideologia erótica", mas deveria ser mais honesta em suas declarações, pois assim soaria mais autêntica, qualidade que tanto atribuem a ela. Até porque ela deve saber que, ao aceitar fazer um trabalho como esse, ela tem a possibilidade de imprimir no ensaio todas as suas convicções, como fez Maitê Proença, Vera Fischer, Alessandra Negrini. Então, antes de arrotar superioridade - ao mesmo tempo em que posa sensualmente para ensaios-padrão, sem incitar grandes questionamentos/reflexões com sua bunda de fora -, ela deveria parar pra pensar que o que faz (e muito bem) é maquiar sua ignorância com pseudo-autenticidade.

Não odeio Luana. Aprendi a gostar dela. Só acho que sua versão tuiteira, que fala cu-boceta-piroca e manda todo mundo se foder com a maior naturalidade do mundo, é muito mais interessante e verdadeira do que essa que quer projetar uma imagem de "não sou como as outras, sou superior".

Traduzindo esse trecho de sua entrevista à TRIP: "Quero poder fazer um trabalho de exposição de corpo e sensualidade, num patamar acima, porém com um cachê de três milhões..."

Imagens: Reprodução.