Tuesday, November 8, 2011

Repeteco-relâmpago

Primeira coisa a ser dita: se eu soubesse que este post iria dar tanto trabalho, possivelmente não teria sequer começado. Sempre quando eu achava que já tinha reunido todas imagens de capas necessárias, revisava e via que faltavam mais. Isso aconteceu algumas vezes e adiou em alguns dias a publicação dessa compilação de casos de mulheres que foram capa da Playboy e repetiram a dose precipitadamente, ou seja, o mesmo que aconteceu este mês, com Cacau, que já havia sido capa ano passado. Mas, antes de começarmos, é bom que reforce a ideia de volta de estrelas em anos seguidos, e não somente repetecos em menos de um ano, porque há de tudo: estrelas que foram capas duas vezes no mesmo ano, em anos subsequentes e em menos de doze meses, só que em anos subsequentes. Ficou confuso? Então é hora de encerrar a introdução. Aos casos!

De novo, mais uma informação a ser levada em consideração: lá no começo da revista, no final dos anos 70 e começo dos 80, tinha-se o costume de produzir capas com mulheres que, na verdade, não apareciam no ensaio. Por isso o primeiro caso de "repeteco" precipitado é relacionado ao ensaio principal, e não propriamente à capa. Foi com Debra Jo Fondren, que teve ensaio publicado em dezembro de 1977, e que foi finalmente capa no ano seguinte, em julho de 1978. O mesmo aconteceu com Marneide Vidal (fevereiro e outubro de 1981) e com Oneida, a que escolhi para ilustrar, que foi capa em junho de 1980 e voltou em ensaio principal em dezembro do mesmo ano.

Oneida, a ex-namorada de Pelé: volta à revista em apenas seis meses

A partir de agora nos limitaremos aos casos de capa repetida. E a primeira a abrir a galeria é a atriz Denise Dummont, que foi capa de aniversário em 1980 e em janeiro de 1981. Com Lucélia Santos aconteceu o mesmo: fez seu début em abril de 1980 e retornou no ano seguinte, em novembro.

Denise Dummont estava mesmo em alta à época: só cinco meses de intervalo entre as capas

Tudo bem, o segundo ensaio foi um "truque", mas não deixa de ser a segunda capa de Lucélia

Na década de 80 várias musas surgiram. Com o destaque, muitas delas acabaram posando para a Playboy várias vezes, em curtos intervalos de tempo. Compreensível: naquele tempo a oferta de mulheres não era tão vasta como é hoje. Algumas poucas modelavam, e a TV não era essa fábrica de atrizes boazudas como atualmente. Entre essas estava Luiza Brunet, cuja primeira capa foi em maio de 1983, e a volta em dezembro de 84; Christiane Torloni, que também fez uma dobradinha de capas em anos seguintes, março de 1983 e novembro de 1984; e Monique Evans, eleita como a Musa do Inverno em julho de 1985 e como a viúva mais desejada do Brasil em junho de 1986. Com exceção de Torloni, Luiza e Monique foram capas posteriormente, mas não em anos subsequentes.

Reinando nas passarelas e campanhas, Playboy não conseguia ficar muito tempo sem estampar a beleza brejeira de Luiza Brunet em suas páginas

Com status de estrela máxima e no auge da beleza, nenhum leitor deve ter reclamado que não deu tempo de sentir saudade da nudez de Christiane Torloni

Extrovertida, linda e facinha que só ela, posar nua era uma brincadeira para Monique Evans. Bastava convidar e ela estava de volta

Posso imaginar que você, ao começar a ler este post, já presumiu que o título de campeã de capas em anos seguidos seria dividido entre Cláudia Raia e Magda Cotrofe, estou certo? Bem, esse título é de outra mulher, mas falarei dela mais adiante. Mas não deixa de ser notável que Cláudia e Magda emplacaram três capas seguidas, sem tirar. No caso de Cláudia, é fácil de explicar: apareceu pela primeira vez como uma modelo a atriz promissora em 1984 e logo explodiu com seu papel na novela Roque Santeiro, em 1985. Com Magda não foi muito diferente: a então modelo surgiu como sósia de Brunet e nutriu uma relação de amor com o leitor de Playboy, logicamente recíproca. E foi capa em 1985, 1986 e 1987, com direito a despedida de solteira. Alguém criticaria se ela voltasse?

Seu fôlego para cantar e dançar nos palcos também foi mostrado nas sessões fotográficas para a Playboy, entre uma gravação e outra, embora uma capa não tenha ensaio inédito

Referência de beleza nos anos 1980 - e hoje de mulher madura -, Magda Cotrofe foi eternizada pela revista em três oportunidades diferentes

Pra fechar o pacote "anos 80" só falta ela, uma das recordistas de capa: Luma de Oliveira. Sua relação com Playboy se assemelha às das demais, começando como modelo e posteriormente se lançando como atriz. Ela apareceu pela primeira vez na revista em 1984, apresentada pela sua irmã, Ísis de Oliveira. Mas só foi em 1987 que ela ganhou sua primeira capa, no momento em que todos diziam ser o ano dela, com o título de musa do carnaval e superstar da Globo. Tamanha projeção motivou sua volta em 1988, agora com Miss Playboy Internacional já em seu currículo.

Mais um caso de paixão nacional, Luma de Oliveira pode se gabar de ter conquistado tantos admiradores e emplacado duas capas em anos seguidos

Nos anos 90 a coisa mudou de figura. Os repetecos precipitados deixaram de ser encarados como uma homenagem à estrela, como uma ode à beleza sempre bem-vinda. O que vai determinar essa volta nessa época é o desempenho em vendas, a popularidade, o destaque do momento e a fácil acessibilidade à mulher. Exatamente preenchendo esses requisitos que Scheila Carvalho, Sheila Mello, Tiazinha e Feiticeira fizeram repetecos-relâmpago. Notem, também, que havia a ânsia de não deixá-las esfriar, de aproveitar que eram as mulheres do momento, mas em pouco tempo poderiam deixar de ser. Scheila Carvalho, a primeira citada dessa fase, é simplesmente a RECORDISTA de capas seguidas, estando ela nua nas bancas em 98, 99, 00 e 01, com aquela capa engana-trouxa.

Scheila Carvalho, a eterna morena do Tchan, eleita três vezes como a mulher mais sexy do mundo, foi mesmo um sucesso editorial, e hoje detém do título de recordista de capas da Playboy

Sheila Mello, outra musa proveniente da fase axé, foi capa em novembro de 1998, quando entrou para o É o Tchan!, e em setembro do ano seguinte, quando posou ao lado da sua companheira de grupo morena. Só não entrou Carla Perez à lista, pois posou três vezes, mas em anos intercalados.

Sheila Mello foi a única que ficou de fora do "ano das musas" que foi 2000. Se tivesse sido capa este ano, e não em 2002, teria emplacado três capas em anos seguidos

Se elas voltaram, foi com razão. E com muito apelo, afinal, fazia parte do fetiche do leitor vê-las mascaradas e depois sem máscaras em ensaios distintos. Tiazinha teve a proeza de posar com o intervalo exato de um ano (março de 1999 e de 2000), retorno mais que justificável após ter batido o recorde de vendas, só ultrapassado por outra musa fabricada pelo programa H, a Feiticeira, a grande recordista de vendas da história da revista, que apareceu como a odalisca mascarada em dezembro de 1999 e como a grande estrela da edição de aniversário do ano seguinte. Merecido.

Aplicando sua visão imparcial sobre o caso, reconheça, leitor: havia motivos substanciais para a volta apressada de uma das maiores musas que o Brasil já teve

Joana Prado, a inabalável recordista de vendas, voltou no ano seguinte no mês mais especial da revista e cumpriu a promessa de mostrar-se ainda mais avassaladora

Os últimos casos não são assim tão empolgantes. A próxima estrela a ser elencada na lista até é, pois é extremamente linda e gostosa, mas a situação do seu "repeteco" não. Luize Altenhofen, a "Gata do Milênio", capa de janeiro de 2001, voltou em dezembro do mesmo ano com a mesma capa que também tinha como opção Scheila Carvalho, ou seja, a mesma capa pega-trouxa, sem ensaio novo. Só vale mesmo como curiosidade, já que ela foi a única estrela de capa a abrir e a fechar um mesmo ano. Na mesma "vibe" oportunista temos o caso de Antonela, que havia sido capa em nov/04 como Felina e voltou em fevereiro do ano seguinte como participante do BBB4. A edição foi montada com fotos descartadas do edição anterior. Uma das maiores sacanagens feitas pela PBY.

Sabe-se lá qual foi a real razão para essa de dezembro de 2001 ter sido pura enrolação, mas nós sabemos muito bem porque detestamos essa edição, apesar das capas ótimas

Num caso de oportunismo declarado, Playboy se aproveitou que a argentina estava confinada no programa e fez uma edição porca com a mesma mulher em três meses

As duas últimas mulheres a conseguir tal façanha não são queridas pelo público de forma unânime. Uma delas, aliás, foi uma das mulheres mais contestadas até hoje. Claro que é a Mulher Melancia, que dividiu opiniões dos leitores em 2008. Tirando de lado os questionamentos se ela era obesa ou gostosa, acho que todo mundo foi capaz de reconhecer que era mesmo uma coisa nova no cenário artístico, como foram as dançarinas de axé e as personagens do H. Só que hoje o público clama por novidade, e a ideia de colocá-la na capa regular novamente em 2009 após ter sido exploradas em edições extras diversas impediu que conseguissem o mesmo êxito de vendagem da primeira vez. E a última é a Cláudia Colucci, a Cacau, que, ok, vendeu bem no ano passado, mas voltou este mês abrindo o apetite de todos como uma bela sopa de chuchu. E mulher facinha é que não falta por aí.

Considerada quase como um "fenômeno incompreendido", odiada pelos "pseudos-leitores elitistas", Andressa Soares voltou à edição regular e "flopou" bonito

Aproveitando a associação alimentar usada no retorno de Cacau: assim como a língua agradece novos paladares, nossos olhos também desejam maior variedade - e tudo pode enjoar