Monday, December 5, 2011

Edição 438

Acabou que novembro passou (voando, ainda bem), eu me enrolei e não fiz post sobre a edição número 438 da Playboy dentro do prazo... Mesmo tendo lido em doses homeopáticas ao longo do mês, de pouquinho em pouquinho, não seria necessário ter traçado a edição inteirinha para confirmar a impressão que tive ao ler os primeiros destaques: que a revista mandou uma edição bem fraquinha às bancas. Vai soar repetitivo, porque já falei outras vezes, mas a realidade é que a Playboy vem sofrendo de um mal que tem nome: previsibilidade. Não me refiro à estrutura da revista (seções), que naturalmente deve ser preservada, mas ao teor de seu conteúdo, as pautas.


Comecemos com Bata Antes de Entrar, por Camila Gomes. Particularmente gosto muito dos textos de Camila, são leves, não tem aquela coisa irritante de querer rebuscar, impressionar, e por isso faz muito bem essas reportagens do tipo "guia", porque ela é muito objetiva. Essa, em questão, sobre tapinhas de amor da hora da transa, é satisfatória, e a execução do tema não é o ponto-chave da minha reclamação, mas o próprio tema. Lamento por vê-la reduzida à pautas ruins, limitadas e repetitivas. Ela já fez reportagens do tipo "o que ouvir na hora da transa", "como convencer sua mulher a topar um ménage" e essa é só uma derivação disso. Chega. Quero ter a oportunidade de lê-la falando de algum assunto completamente diferente. Ainda sobre esta reportagem, tenho uma observação a fazer sobre o visual: e essas fotos com filtro vermelho, hein? ATÉ QUANDO? É sério.


Reservaram algumas páginas para a publicação de um trecho do novo livro de Jô Soares, As Esganadas. Bem legal, aprecio muito quando Playboy dá um petisco de um livro lançado, é uma tradição, por isso tenho que dizer que gostei disso na edição, embora seja o mesmo Jô fazendo a Aghata Christie de sempre. E gostei das ilustrações de Miran acompanhando o texto. Outro destaque é A Menina que Brinca com Fogo, um perfil sobre a presidente da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile, Camila Vallejo, por Jonathan Franklin. O perfil é responsável por dar "sustância" à edição, com um tema interessante, mas é uma coisa enlatada. A equipe da Playboy tem potencial pra fazer coisa melhor, só está faltando inspiração. E a edição traz ainda o Miniguia Playboy do Whisky, o ressurgimento de uma matéria-padrão adotada como fixa em 2008/09 e que não vingou. De novo, um indício do quanto a revista chafurda na falta de criatividade.


Sobre as entrevistas, não tenho muito a dizer, porque as li no começo do mês passado e, com toda a sinceridade, não tive coragem de encará-las novamente (Romário e Fiuk? Passo!) para fazer alguma observação específica. Acho Romário uma personalidade de interesse de quem consome a revista, Adriana Negreiros é craque nas entrevistas, mas, definitivamente, não posso dizer que curti. Já Fiuk nas 20P, é aquela história: a seção permite personalidades mais pop, que não tenham, digamos assim, coisas substanciais a falar, mas realmente achei a ideia de entrevistá-lo infeliz, era melhor ter mantido a exclusividade dele com a Capricho e Todateen. Assim, teriam me poupado de ler as declarações constrangedoras de Fiuk. E que não me inventem de entrevistar Orlando Morais numa próxima oportunidade, porque essa fixação nos homens da vida de Cleo já chegou ao limite.


Tem também o editorial de moda fraco com o título Diário de Motocicleta com fotos de Rogério Alonso e o ensaio da ex-Berlusconi Evelina Manna, junto com o texto que saiu na Playboy USA, além de Bárbara Evans abrindo o Happy Hour e as candidatas do Preferência Nacional, que já foram comentadas aqui. Mas, resumindo o que achei da edição, mais uma vez concluo que as habituais seções é que brilharam. Continuo considerando Neurônios indispensável e em ótima forma, e The Playtimes excelente (leiam Ivan Lessa desta vez). O resto está precisando de uma boa sacudida.

Imagens: Reprodução.
(Obrigado pelas fotos, Fred!)