Monday, August 29, 2011

Edição 435

Todo mês acontece quase a mesma coisa: leio a Playboy em etapas, com atenção, considerando características a serem destacadas em meu comentário. Não procurando defeitos ou tentando enxergar, com certo esforço, qualidades, mas sendo fiel à minha satisfação ou não ao término da leitura - e é isso que procuro passar para vocês. Neste mês, a mesma coisa. Li tudo, reli algumas coisas da edição de aniversário, fiz considerações e cheguei a uma opinião final. E é tão destoante de meus comentários anteriores que merece ser destacada. Atenção para o que vou dizer: é uma das melhores edições dos últimos anos, considerando de forma geral seu conteúdo. Vou tentar explicar por que cheguei a essa conclusão. Você leu? Fique à vontade para concordar ou discordar.

A Playboy de agosto é o que chamamos de "edição redondinha". Mas, também, não é fabulosa. É a edição de aniversário recente mais consistente, e é até mesmo melhor que a de agosto do ano passado. Na deste ano, o cardápio é mais variado e, talvez por isso, com mais chances de agradar. Tem, por exemplo, reportagem sobre André Pederneiras (Ele Cria Os Campeões do UFC), que treina lutadores que serão grandes nomes do MMA, que veio num timing perfeito e foi bem escrita por JP Jorge, como também A UNE Deu PT, sobre o 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes, por Bruno Lazaretti, cujo texto tinha tudo para ser massante, mas foi pontuado com observações e descrições interessantes com toque de humor. Apenas O Sexo no Futuro, por Camila Gomes, se fez completamente desnecessária nessa edição. Tudo porque na edição de agosto passado tivemos uma reportagem com a temática futurista parecida, mas seu texto é objetivo e interessante, e não faz ninguém desistir de ler antes do término. E as ilustrações digitais são bem boas, com Spézia.

Mas o melhor mesmo, pra mim, e que valorizaram a edição foi a ficção de Marçal Aquino, Retrato de Família Retocado Com Pólvora e a reunião de artigos intitulada O Livro que Mudou Minha Vida, que ficou a cargo de Rodrigo Levino convencer personalidades como Patrícia Melo, Liniers e Nelson Motta a dividirem conosco quais as obras literárias que abriram suas percepções. Uma ideia tão simples mas tão bacana que merece ser parabenizada. Gostei mesmo. E voltando à ficção de Marçal, além da qualidade de seu texto, temos ilustrações lindas de Benício, o mestre, e de Ralph Steadman, um talento incontestável, que mostrou uma interpretação completamente maluca e incrível do texto de Marçal. Como se vê, revista boa depende apenas de boas ideias e, claro, de boas colaborações.

O restante da revista tem seu conteúdo habitual, e uma seção em especial acho que merece ser destacada. A clássica Neurônios nunca esteve tão em boa forma. Tenho cada vez mais me apegado à seção, que depois de tantas mudanças está com um visual mais elegante e menos confuso, e as resenhas e eventuais entrevistas, na medida. Os outros dois ensaios, além do de capa, foram bem editados e agregaram seu valor. As fotos da gatinha Candice Boucher, por Raphael Mazzucco, foram excelentemente diagramadas. Dani Mangá, a coelhinha do ano, foi fotografada por Kovacevick, que mostra que a qualidade de seu trabalho evoluiu consideravelmente - e a moça é merecedora do título. Playtimes mais generoso em páginas e Estilo com um editorial ótimo, com fotos de Fábio Sarraf e produção de moda de Kika Cabrera. Não esquecendo das 20P com Bruna Lombardi, que ficou ok, com foto também ok de Jairo Goldflus. Já falamos de Sandy então pulemos e concluamos: uma edição bem acima da média. Por que não é sempre assim? Basta esforço e muita criatividade.

P.S.: Acabei me esquecendo: há também o ensaio de Crystal Harris, a noiva fugitiva de Hugh Hefner, acompanhado por um microperfil escrito por Nathan Fernandes, contando um pouco da história dos ex-pombinhos. 
Imagens: Reprodução.