Wednesday, August 10, 2011

A volta de Galisteu

É interessante observar, e tentar entender, como as mulheres são e como reagem a certas coisas. Nessa nossa rotina de acompanhar Playboy, que é aparentemente fútil, nós temos a oportunidade de buscar essas respostas com casos reais. Enquanto determinada mulher sente-se até ofendida em ser convidada a trocar sua nudez por dinheiro, outras enxergam como um grande galanteio, como uma realização enquanto mulher que não passou em branco pela vida. Algumas preocupam-se em não abalar a imagem, superestimam a opinião alheia. Já outras têm consciência de que só nós sabemos o que é melhor para nós mesmos e não vivem em função do que vão achar. É assim que pensa Adriane Galisteu. Aos 38 anos, feliz e realizada, ela aceitou fazer Playboy novamente.


Pouco importa a motivação dela para isso, é uma questão pessoal. O mais importante é que, com isso, ela deixa um legado para as outras possíveis estrelas: sejam independentes, banquem-se, e façam o que tiverem vontade. A prova de que Adriane Galisteu pensa assim é este ensaio para a edição de aniversário de 36 anos da Playboy. Mulheres inseguras não fazem fotos como as dela, com tamanho tesão e entrega. Tenho que dizer que admiro essa postura, pois não deve ser fácil se superexpor. Mas pode ser prazeroso, a exemplo de Galisteu. E, quando se tem prazer pelo que faz, contagia ou outros. Por isso é excitante esse ensaio, feito no sul da Itália, que marca pela parceria bem-sucedida com Duran, que 16 anos depois a fotografou outra vez nas situações mais íntimas.


Às informações sobre o ensaio. São 33 páginas de fotos. Uma superprodução que envolveu os melhores profissionais de cada área: maquiador, cabeleireiro, stylist, assistentes de cabelo e fotografia, além da estrela, claro, fotógrafo, produção executiva de Kika Paulon e supervisão do diretor de arte Alexandre Ferreira. Foram 9 dias de fotos que resultaram por volta de 4 mil imagens. Dessas, 180 fotos pré-selecionadas, para depois reduzir o número para 80, aprovadíssimas por Galisteu. Depois de mais uma peneira, e de tanto tempo de espera, temos em mãos o resultado desse trabalho todo. E, posso dizer agora, belo trabalho! Contém todos os ingredientes que, reunidos, impossibilitam que a receita desande. Muita inspiração e ousadia, principalmente.


As comparações com o primeiro ensaio são inevitáveis, mas eu não pretendo classificá-lo como melhor ou pior. Mas isso não me impede de fazer constatações. A primeira: neste ensaio não há cenas tão poéticas, que permitem uma interpretação mais subjetiva, que nos toquem de maneira mais profunda. São poucos closes, nenhuma foto em preto e branco. O lirismo foi substituído pela ousadia. Essa ousadia é que deu força ao trabalho, e o candidata a ser um grande clássico. Eu já o considero um clássico contemporâneo instantâneo, porque esbanja aquilo que falta aos ensaios que são produzidos atualmente. A quem dar o crédito? Ao fotógrafo? À estrela? Sem dúvida, aos dois. A relação mútua de confiança e segurança reflete no resultado - como aconteceu neste caso.


Temos muitas fotos marcantes e lindas. Particularmente gosto bastante das que foram realizadas no Palazzo Santa Croce, que são um pouco mais luxuosas e muito eróticas. Gosto também, claro, das feitas em externa. O cenário é lindo e possibilitou que Adriane se mostrasse em diversificadas cenas, aproveitando a beleza natural do lugar. Como no ensaio da Grécia, o azul do céu e do mar é que contrastam com as formas da apresentadora. Algumas imagens dessa série feita sob o sol da Itália já foram eleitas como memoráveis. Uma delas é a que Adriane aparece se contorcendo de excitação, com a sombra de Duran pairando sobre a área que, normalmente, é mostrada com pudor. Não é uma coisa explícita. Mostra e, ainda assim, vela. É um recurso que já foi usado pelo fotógrafo.


Se é para não perder o hábito e fazer uma observação negativa, tenho uma única ressalva a fazer: o aproveitamento mediano da locação. Isso, obviamente, considerando o trabalho editado. Faltou, por exemplo, uma foto que tivesse ao fundo a arquitetura apinhada de Positano, como se as casas, todas muito coloridas, tivessem sido encaixadas uma por cima da outra. Era a característica mais marcante do local. Mas, paciência. A ausência disso não desmerece em nada a qualidade do ensaio, que mostra uma Adriane mais madura, decidida, curvilínea e ousada. E que refaz a antológica cena da depilação, igualmente bela. Tudo isso impresso em papel de melhor qualidade, que valoriza ainda mais a beleza das imagens. Vocês notaram. Se não compraram e notaram, estão perdendo.

Essa edição, com certeza, é pra guardar com carinho

Imagens: Reprodução.